Abriu o sol, não só lá fora. As nuvens clarearam aqui dentro também.

Minha mente tá um turbilhão de coisas acontecendo, fragmentos de todas situações e de como as coisas chegaram onde chegaram e porque acontecem… assim.

É engraçado que tenha voltado a usar esse espaço e realmente surpreendente que tenho dito tantas coisas aqui. Mas, como tudo nesse texto, isso tem a ver com a última vez que me apaixonei.

A paixão é tipo a irmã mais nova do amor; a impulsiva, solta, agitada, cheia de expectativas pré-estabelecidas – pelo amor. A expectativa dos apaixonados é amar. O amor, irmão mais velho, com expectativas ainda maiores sobre si, mais pesadas, suspeitas mas desconhecidas – o que acontece quando se torna amor?

As coisas acontecem.

Passo horas desenhando, escrevendo, lendo e cantando coisas que penso que sinto, que quero sentir, que espero sentir; não sei se sinto. Passo horas tentando entender como acontece isso, de uma pessoa totalmente estranha e desconhecida, passar a ser importante, lembrada, esperada, querida com tanta vontade, com tanta força. Será?

Desde ontem tenho estado focada em clichês aleatórios – amo e odeio clichês. O que me veio hoje, entre um sono e outro, foi o mais difícil de reconhecer quando se espera tanto pelo amor. Na maioria das vezes, o que sentimos ou pensamos sentir por outras pessoas é só uma projeção do que queremos. Alguém disse isso. Talvez mais de uma pessoa. E nossa mente ouve só o que quer ouvir, quando quer. Não quis ouvir, até hoje.

post-medianeras

É difícil conseguir admitir as falhas, os buracos, as sombras e as verdades de si mesmo. Mas eu me julgo e me absolvo, somos todos propensos ao erro. Aliás, o erro é o que mais e mais profundamente nos ensina. Aí venho eu questionar o que eu mesma chamo de erro, por que quem disse que é errado porque não aconteceu de acordo com as nossas expectativas? Disse que tudo tava um turbilhão.

Eu gosto da verdade. Das coisas como elas são. O que me incomodava nesse episódio era nunca saber como as coisas estavam, que coisas eram essas e se a via era mão-dupla ou eu tinha embarcado sozinha e sem saber onde ia parar – havia um par de braços onde eu queria descansar dessa espera e, depois, dessa caminhada, desse trajeto; as coisas estariam no lugar. Não é assim.

O táxi já estava ocupado, o caminho não era esse. Andei torta e cambaleante, sempre em dúvida e inconstante, até aqui, até hoje. As coisas acontecem. Desci. Ainda não sei pra onde sigo, mas também fica mais fácil quando não se tem caminho determinado e já se sabe por onde não ir.

Dei-me conta, ontem ou anteontem também, de que estive acostumada por muito tempo a ceder às expectativas alheias e viver a minha melhor versão aceitável socialmente. Gostaria de não ter perdido tanto tempo, gostaria de não perder mais tempo. Tenho pressa de viver, assim como Belchior cantou.

Também tenho medo, tenho ânsia, tenho sede. Essas coisas são mais complexas na vida adulta.. mas acontecem.

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